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RLM - AS CORES DA LUFTWAFFE
RLM - AS CORES DA LUFTWAFFE

 

  Luftwaffe eagle gold  
  Emblema da Luftwaffe  

 

Esta página é dedicada às cores utilizadas pelos aviões da Luftwaffe desde a sua criação até ao final da 2ª Guerra Mundial.

Este não é um tema consensual, nem isento de polémicas, já que não existem muitas certezas acerca da precisão das cores produzidas pelos diferentes fabricantes, nem sobre os usos específicos que lhes deram. Assim, é intenção dos moderadores deste site não fazer uma análise exaustiva sobre esta temática, mas apresentar num único sítio informação compilada de várias fontes de informação que podem ser consultadas no final desta página.

Aviões Fokker D.XIII em Lipetsk

Mas comecemos pelo princípio. A assinatura do Tratado de Versalhes, que encerrou oficialmente a 1ª Guerra Mundial, dizia, no seu artigo 198.º, que “As forças militares da Alemanha não deverão comportar nenhuma aviação militar ou naval”. No entanto, por volta dos finais dos anos 20 do século passado, a República de Weimar encontrou uma alternativa secreta para continuar a treinar os seus militares e a desenvolver, secretamente, um futuro ramo aéreo pois começou a utilizar a Escola de Pilotos de Caça de Lipetsk, também conhecida por Base Aérea de Lipetsk, no treino e instrução de voo da Reichswehr, assim como no teste de novos aviões. Essa escola localizava-se na cidade de Lipetsk, na União Soviética.

Apesar de se tratar de uma base secreta, os aviões aí testados aparentavam ser civis e eram geralmente pintados de cores neutras, como o cinza claro. Para reforçar ainda mais o seu cariz civil, os aviões que aí operavam chegavam mesmo a ter códigos civis alemães.

Entretanto, em 1933, o Partido Nazi tornou-se o maior partido eleito na Alemanha e através da Lei Habilitante de 1933, aprovada pelo Parlamento, começou o processo de transformar a República de Weimar na Alemanha Nazi, uma ditadura de partido único, totalitária e autocrática, de ideologia nacional socialista. O seu líder, Adolf Hitler, pregava a eliminação dos judeus da Alemanha e o estabelecimento de uma Nova Ordem para combater o que ele via como "injustiças pós-Primeira Grande Guerra", numa Europa dominada por britânicos e franceses.

Descaradamente começou a desenvolver um exército moderno e muito superior ao permitido pelo Tratado de Versalhes. Foi neste contexto que ainda em 1933 foi fundada a Luftwaffe como ramo aéreo da Wehrmacht.

Apesar de ter sido fundada em 1933, só em 1935 é que a Luftwaffe foi formalmente formada, mais concretamente no dia 26 de fevereiro de 1935.

Desde cedo que os aviões da Luftwaffe começaram a ser pintados com tintas padronizadas e é aqui que muito possivelmente começam as polémicas relacionadas com as cores dos aviões da Luftwaffe, dado que, ao contrário do que muita gente pensa, os alemães não utilizavam o prefixo RLM para se referirem às cores empregues na pintura dos seus aviões militares. De facto, essa abreviatura não aparece nos documentos que escaparam à destruição da 2ª Guerra Mundial. Neles referem-se às cores apenas pelo seu número de ordem. RLM é um prefixo estabelecido já após o términus do conflito, por vários autores, em diversa literatura e comumente aceite. Assim, atualmente, as cores usadas pela Luftwaffe são registadas como RLM (Reichs Luftwaffe Ministerium – Ministério da Força Aérea do Reich) seguidas de uma referência sequencial constituída por dois números. Por exemplo, o “Preto” usado pelos nazis tem hoje a referência RLM22. No presente trabalho, unicamente para não criar mais confusão, utilizaremos sempre a atual nomenclatura.

Mas continuando… Se há uma característica típica dos alemães é a busca pela perfeição. Associada a esta característica encontramos a padronização dos processos. Assim, havia diretivas onde era exatamente determinado o padrão em que as tintas deveriam ser utilizadas e ainda onde, quando e como as diferentes cores tinham que ser usadas/aplicadas. Isto levava a que, quando os aviões saíam das linhas de montagem, geralmente, seguiam um esquema de pintura/camuflagem perfeitamente pré-estabelecido, o que não quer dizer que não fosse adulterado/personalizado quando os aviões chegavam aos aeródromos operacionais. O que acontecia com frequência…

Essas diretivas eram promulgadas através de uma série de regulamentos de serviço (Luftwaffen Dienstvorschriften) designados L.Dv. 521. A edição mais antiga que chegou até aos nossos dias (L.Dv. 521/1) data de março de 1938 e incluía uma tabela de cores (Farbtontafel) que deveria ser seguida por fabricantes, oficinas de reparação de aviões e unidades de linha de frente.

Outras regulamentações, algumas das quais haviam sido estabelecidas antes da formação da Luftwaffe, limitavam o número de cores e estimulavam a produção de pigmentos que poderiam ser obtidos na própria Alemanha como forma de não estar dependente de importações já que por essa altura a Alemanha vivia crises financeiras graves.

Junkers Ju 87A with Spanish rebel markings
JU 87A com as marcas da Legião Condor

Com o despoletar da Guerra Civil Espanhola, em 1936, a Luftwaffe destacou a Legião Condor para combater pela Espanha Nacionalista liderada pelo General Francisco Franco. Este conflito tornou-se num campo de testes para novas doutrinas e táticas da jovem Luftwaffe, assim como para testar antigos e novos conceitos e ainda aviões. Por exemplo, foi nesse conflito que o caça Messerschmitt Bf-109 e o bombardeiro de mergulho Junkers Ju 87 (Stuka) foram amplamente testados e aprimorados.

Durante a Guerra Civil Espanhola era muito frequente os aviões da Luftwaffe terem um esquema de camuflagem composto por 4 cores: marrom escuro (RLM61), verde (RLM62), cinza claro (RLM63) e azul claro (RLM65).  Quando esse conflito terminou, em 1939, a Luftwaffe era a força aérea mais sofisticada, tecnologicamente mais avançada e com mais experiência bélica que operava aquando no inicio da 2ª Guerra Mundial.

Oficialmente, a 2ª Guerra Mundial começou a 1 de setembro de 1939, com a invasão alemã da Polónia. A esta campanha seguiu-se, em 10 de maio de 1940, a invasão da França e dos Países Baixos e, em junho desse mesmo ano, a Batalha de Inglaterra. Durante estes conflitos, os caças alemães utilizaram frequentemente um esquema de camuflagem composto por 3 cores: cinza (RLM02), cinza-azulado (RLM65) e verde escuro (RLM71). Também frequentemente às camuflagens padronizadas eram acrescentados “extras”, geralmente mosqueados, em diversas cores.

Em novembro de 1941, a L.Dv. 521/1 foi revista e uma nova edição publicada. Esteve em vigor até julho de 1944. A referida diretiva (L.Dv. 521/1) estipulou, entre outras coisas, que as cores RLM61, RLM62 e RLM63, usadas antes da guerra, não seriam mais usadas em aviões de combate baseados em terra e que, daí para a frente, as cores dos aviões da Luftwaffe dependiam da tipologia de aviões. Assim, resumidamente, podemos apresentar a seguinte tabela:

Aviões de caça e caças pesados diurnos RLM 74, RLM 75 e RLM 76 nas superfícies inferiores
Aviões bombardeiros e de transporte RLM70, RLM71 e RLM65 nas superfícies inferiores
Aviões navais ou para uso no mar RLM72, RLM73 e RLM65 nas superfícies inferiores
Aviões “Tropicais” (para uso em África ou em ambientes quentes) RLM79 manchado /mosqueado com RLM 80 e RLM78 nas superfícies inferiores
Planadores Não é determinada nenhuma cor especifica, mas a cor de alumínio (RLM01) é proibida.

 

Aqui fazemos uma paragem na história…

É verdade que as tintas usadas pela Luftwaffe eram produzidas por diferentes fábricas um pouco por todo o território ocupado. Também é verdade que essas diferentes fábricas usavam diferentes pigmentos e diferentes processos na preparação das tintas pelo que é espectável que existissem diferentes tonalidades de uma mesma cor. Por outras palavras, logo à partida era praticamente impossível que todos os fabricantes produzissem exatamente a mesma cor “oficial”.

Se associarmos a isso o facto de as tintas reagirem a diferentes temperaturas e sobretudo com a radiação existente a alta altitude, facilmente percebemos que dificilmente conseguimos chegar a uma cor padrão pois, mesmo que inicialmente determinado avião tivesse sido pintado com a cor “oficial”, passado pouco tempo em operações, a cor estaria irremediavelmente adulterada.

No entanto, até 1944, há fontes históricas que nos permitem, com alguma margem de certeza, ter uma ideia muito aproximada de uma determinada cor. Essas cores, pelas razões apresentadas anteriormente, entre outras, podem de facto ter diferentes tonalidades dependendo de onde foram produzidas e em que clima foram aplicadas/usadas. No entanto, relativamente à utilização que lhe era dada, é um tema relativamente pacifico, precisamente porque existe documentação histórica fiável.

B-24D's fly over Polesti during World War II
B-24 Americanos a bombardearem a Roménia, em 1943

Voltando à vertente histórica, as coisas começam a complicar seriamente a partir de 1944. Por essa altura realizavam-se massivos ataques, levados a cabo por bombardeiros aliados, às zonas industriais na posse dos alemães. São várias as razões que podem ser apontadas para a má qualidade das tintas. Desde logo a falta de boa matéria prima que não chega às fábricas que escaparam à destruição, pois as vias de comunicação são sistematicamente bombardeadas ou os locais onde ela era recolhida já se encontram nas mãos do inimigo (aliados). Por outro lado, também a deterioração das maquinarias que processam as tintas é relevante e deve ser tida em conta.

Os industriais são cada vez menos capazes de manter os níveis de homogeneidade de cores entre as diferentes remessas/lotes e se associarmos a isso o facto de, nas zonas de fabrico ou reparação dos aviões, se irem fazendo misturas de cores, mais ou menos aleatórias, entre as “velhas” tintas ainda eventualmente em stock e as novas de cada vez pior qualidade e aplicadas em camadas cada vez mais finas, está criada a confusão total…

Para piorar ainda mais as coisas não existem fontes históricas fidedignas que tenham escapado ao conflito relativamente às cores “originais/padrão/oficial” mais recentes, nomeadamente a série “80”. Por exemplo, até ao momento, ainda não foi possível localizar um cartão colorido oficial com amostras de cores de cada uma das cores dessa série. É verdade que alguns aviões alemães capturados pelos aliados estavam pintados “teoricamente” nessas cores, mas os entendidos estão muito longe de ter a certeza relativamente a estarem pintados, de facto, com as cores ditas oficiais.

Atualmente bastaria chegar a uma boa fotografia e as dúvidas relativamente a determinada cor rapidamente seriam dissipadas, no entanto, a maioria das fotografias existentes dessa altura são a preto e branco. É verdade que podem ser muito reveladoras no que diz respeito a determinado esquema de camuflagem ou insígnias e marcas utilizadas, mas muito pouco ou nada esclarecedoras relativamente à tinta utilizada ou à tonalidade desta. Relativamente às fotos a cores até poderia ser uma abordagem interessante, mas não nos esqueçamos que essa “tecnologia” dava os primeiros passos e a qualidade, e sobretudo a fidedignidade, é no mínimo questionável. Ou seja, facilmente se percebe se um determinado avião está pintado nesta ou naquela cor, mas se é a cor “oficial”, isso é outra conversa…

Fabrico subterrâneo de um Me-262

Nos dois anos finais da 2ª Guerra Mundial, os alemães, para manterem a produção de aviões, tiveram que descentralizar o processo de fabrico e as diferentes partes dos aviões começaram a ser produzidas em diferentes fábricas camufladas em florestas ou instaladas em minas e pequenas oficinas. Algumas fábricas foram mesmo instaladas no interior de montanhas escavadas propositadamente para o efeito.

As diferentes peças eram então de seguida enviadas para uma linha de montagem onde o avião era concluído. Muitas dessas peças vinham frequentemente já pintadas e eram montadas tal como vinham.

Estranhamente, a produção de aviões não diminuiu significativamente. Duas das principais razões responsáveis por esse facto foram a utilização de muita mão de obra escrava e os alemães terem prescindido dos seus padrões normais de homogeneidade e passarem a usar “tudo o que tinham à mão” para manter os níveis de produção.  Assim, quanto mais se caminhava para o final da guerra, mais os alemães iam fazendo misturas de cores, mais ou menos afortunadas, que eram aplicadas em camadas cada vez mais finas que deixavam ver o primário base aplicado sobre o metal, isto claro quando havia primário para ser aplicado, porque o que aconteceu também com frequência no final da guerra era, sobretudo as superfícies inferiores, nem sequer serem pintadas (com primário ou tinta) ou pintadas diretamente sobre o metal.

Mas esta é uma forma muito simplista de contar a história pois ela pode ser mais detalhada já que, relativamente ao período de 1944 e 1945, nem tudo é mau pois a documentação existente e a que vai sendo progressivamente libertada de arquivos secretos, permite, apesar de tudo, estabelecer uma cronologia mais ou menos fundamentada desses anos no que às cores da Luftwaffe diz respeito. É uma espécie de história de Hansel e Gretel em que é necessário recolher as migalhas para se encontrar a saída da floresta, ou seja, identificar definitivamente as cores oficiais usadas pela Luftwaffe, sobretudo nos últimos anos da 2ª Guerra Mundial.

Desembarque de provisões nas praias da Normandia

Já antes de 1944 a aviação aliada realizava intensos bombardeamentos sobre a máquina de guerra alemã a fim de a debilitar para que, aquando da invasão terrestre à Europa, as baixas aliadas fossem minimizadas ao máximo. A 6 de junho de 1944, os aliados desembarcam nas praias da Normandia e avançam pela Frente Ocidental e também pela Itália onde desembarcam pouco depois. Os russos também avançam pela Frente Oriental e as forças alemãs são cada vez mais pressionadas e privadas de fábricas e de matérias primas, muitas vezes só existentes nos territórios conquistados/ocupados.

É neste contexto que o ministro alemão do armamento, Albert Speer, ordena a todos os organismos a reorganização dos recursos com simplificação da produção e unificação dos processos produtivos.

No respeitante à Luftwaffe é emitida, a 1 de julho de 1944, uma diretiva que simplifica a produção. Muitas das cores então existentes deixam de ser fabricadas e são criadas 2 novas cores para serem usadas o mais genericamente possível a partir daí. São elas um marrom (RLM81) e um verde (RLM82). O RLM76 continuou a ser fabricado e aplicado nas superfícies inferiores dos aviões.

No entanto, nessa diretiva, as novas cores não têm uma descrição nem designação oficial. O documento simplesmente afirma que amostras da cor oficial serão enviadas aos fabricantes de tintas num curto espaço de tempo e que a fabricação das cores até o momento em uso é proibida.

Aqui convém fazer mais uma paragem. Na realidade, em agosto de 1943, já tinha sido anunciado que futuramente iriam ser introduzidas duas novas cores (a RLM81 e RLM82) em substituição da RLM70 e RLM71. No entanto, só em julho de 1944, é que isso foi oficializado com um Sammelmitteilung ou notificação.

Outra medida implementada foi a redução dos muitos esquemas de camuflagem então existentes.

Facilmente se percebe que existiu um período de coexistência entre as “velhas” e as “novas” tintas e também facilmente se acredita que algumas vezes foram misturadas dando origem a cores nada “oficiais”, mas avancemos… pois muito ao estilo alemão, a diretiva de 1 de julho de 1944, estabelecia a combinação das novas cores com as ainda existentes em stock. Assim, era especificado que, em caso de excedentes, a tinta deveria ser misturada. A RLM70 com a RLM82 e a RLM71 com a RLM81.

Em 15 de agosto de 1944 é emitido um novo conjunto de regulamentos denominados Sammelmitteilung Nr. 2. Esse conjunto de documentos é dirigido aos fabricantes de aviões, mas é sobretudo destinado às equipas de manutenção que operam no terreno.

Neles é indicado que todo e qualquer pedido de camuflagem ou aplicação de cores que não as pré-estabelecidas é expressamente proibida e que deve ser cumprido o que se encontra especificado no guia de camuflagem.

Esses regulamentos também indicam que as superfícies inferiores dos aviões deverão ser pintadas na cor RLM76, em substituição da cor RLM65 (sem dúvida devido ao facto de o cobalto, principal pigmento de coloração do RLM65, ser necessário na produção de aço de alta qualidade) e que as marcas em forma de cruzes deverão ser integralmente pintadas em cor preta RLM22 ou na cor branca RLM21 caso as superfícies inferiores estejam pintadas em cores escuras (Por exemplo, caças noturnos).

Nesse documento aparece pela primeira vez a referência a uma terceira cor tida por alguns autores como a RLM83. No entanto, aqui é preciso fazer uma nova pausa para referir que há muitos autores que defendem que o RLM83 de facto nunca existiu oficialmente, quando muito trata-se de uma variante do RLM82 e que o documento só fala genericamente num verde. Como não “sobreviveu” à guerra nenhuma dessas diretivas, no mínimo fica a dúvida…

Ainda no campo das fontes históricas que nos permite reconstituir o percurso/história das cores da Luftwaffe há uma comunicação, de 13 de setembro de 1944, às oficinas do fabricante de aviões Blohm und Voss que faz referência ao facto de que o protótipo BV 155 dever ser pintado nas cores RLM81 e RLM82 num esquema mosqueado idêntico aos dos Me-109 e as laterais da fuselagem e a superfície vertical da cauda pintados em RLM76. O documento refere ainda que as partes inferiores deverão permanecer sem pintura. Esta comunicação faz assim referencia às novas cores RLM81 e RLM82, mas nada acrescenta ao nosso conhecimento sobre a cor “oficial” dessas cores. Também pode ser sugestivo o facto de não mencionar a cor RLM83.

O mês de outubro de 1944 fornece-nos várias “migalhas” …

Embora não haja documentação escrita, existem fotos que mostram que quando o novo Focke-wulf Fw 190 D-9 entrou em serviço, em outubro de 1944, tinha uma combinação de cinza RLM75 com uma cor verde escura diferente da RLM70 ou RLM71.  Note-se que o RLM82 corresponde a um verde claro e o RLM83 a um verde escuro. Qualquer uma destas cores poderia ser o verde mostrado na fotografia, no entanto, uma vez mais nada acrescenta ao nosso conhecimento sobre a cor “oficial” dessas cores.

Também nesse mesmo mês, as oficinas da Messerschmitt recebem uma autorização para produzir o novo Me-109 K nas cores RLM74, RLM75 e RLM76, provavelmente devido ou à falta de novas cores ou à existência de stocks das cores antigas. Isto permite-nos saber que, nos finais de 1944, operavam aviões pintados com antigas e novas cores e especular que se de facto como se sabe atualmente as cores por essa altura padeciam de falta de qualidade e eram mescladas com diferentes lotes, as cores com que alguns aviões foram pintados podem não corresponder exatamente aos originais RLM74, RLM75 e RLM76 e também assim contribuírem para a confusão…

A 26 de outubro de 1944, a Dornier aprova os planos de camuflagem preparados para o Do 335 e identifica as duas cores, RLM81 e RLM82, como dois verdes escuros (Dunkelgrün), colocando-se então a pergunta, mas a cor RLM81 não corresponde a um marrom?

Passamos para novembro de 1944. Nesse mês, as oficinas da Focke-Wulf são autorizadas a produzir os novos modelos Ta 152 com a cor RLM81 e a cor RLM82. No entanto, uma vez mais, nada acrescenta ao nosso conhecimento sobre a cor “oficial” dessas duas cores.

Nos finais de 1944, a produção de todo e qualquer tipo de avião, que não caças (diurnos e noturnos), é cancelada pelo que as questões relativas à tinta usada neste ou aquele avião, que não caça, à partida não se coloca. Claro que um ou outro pode ter sido repintado, mas não devem ter sido em grande número…

Em rigor, houve um bombardeiro, o Arado Ar 234, cuja produção não foi cancelada. Tratava-se de um bombardeiro a reator e a sua elevada velocidade face aos caças aliados ainda permitia a alguns alemães acreditar que ele podia inverter o rumo da guerra.

Num relatório das forças aliadas, datado de 8 de janeiro de 1945, relativo a um avião alemão Fw 190 D-9 («12 Black» WNr. 210079) encontramos referência a que a fuselagem se encontra pintada predominantemente em verde, as superfícies superiores das asas num verde claro, enquanto que as superfícies inferiores das asas estão pintadas num azul claro. Isso indica que por essa altura as novas cores já teriam sido introduzidas na linha de montagem do Fw 190 D-9 e que aparentemente, de facto, existiam 2 verdes (RLM82 e RLM83?).

Este avião caiu devido a problemas no radiador, enquanto voava a baixa altitude, durante a "operação Bodenplate", que foi lançada em 1 de janeiro de 1945, como uma última tentativa feita pela Luftwaffe para incapacitar as forças aéreas Aliadas nos Países Baixos durante a Segunda Guerra Mundial.

Um outro relatório dos aliados, de 29 de janeiro, refere que um Messerschmitt Me 262 A (9K + MK (o M em branco) WNr. 170273), abatido a 25 de dezembro por fogo antiaéreo, apresenta uma pintura nas partes inferiores em azul e nas partes superiores em vários tons de verde claro. Esta então é uma migalhinha mesmo pequenina…

Em 23 de fevereiro de 1945, os planos de cor do Me-262 preparados pelas oficinas de Messerschmitt são aprovados. Neles, a fábrica refere-se às cores como RLM81 Braun violett (violeta marrom), RLM82 Hellgrün (grama verde) e 76 Lichblau (azul claro). Uma vez mais não é feita qualquer referência ao RLM83…

Em 28 de fevereiro de 1945, um documento interno da fábrica Heinkel relativo ao He-162 determina que os principais subcomponentes do avião devem ser pintados inteiramente nas cores RLM81 ou RLM82 e montados tal como ficarem. Este documento interno é sugestivo porque o facto de referirem que os subcomponentes devem ser pintados e aplicados como ficarem é indicador que podem não ficar bem, ou seja, que a tinta seja de má qualidade e não permita um bom acabamento, mas isto é especulação, claro. No entanto, uma vez mais, volta a não ser feita alusão à cor RLM83.

Resumidamente, da análise das fotos bem como da leitura de documentos e relatórios que conseguiram chegar até aos dias de hoje, bem como de aviões sobreviventes ou resgatados relativos ao período de 1944 e 1945, é possível constatar uma grande variedade de cores que, no entanto, podem ser genericamente agrupadas em torno de três cores principais:

1. uma cor marrom / marrom avermelhado

2. Uma cor verde clara

3. Uma cor verde escura

A Luftwaffe nunca atribuiu uma designação oficial às suas cores da série “80”. Para piorar as coisas, diferentes fabricantes referem-se às diferentes cores de diferentes modos, por exemplo:

• Blohm und Voss: RLM81 Olivbraun (castanho azeitona) e 82 Hellgrün (erva verde)

• Dornier: RLM81 Dunkelgrün e RLM82 Dunkelgrün (verde escuro)

• Messerschmitt: RLM81 Braunviolett (violeta castanho) e RLM82 Hellgrün (relva verde)

Durante anos, vários autores publicaram vários livros nos quais este tópico foi analisado. Em muitos desses livros, defende-se a tese de que havia uma terceira cor, à qual chamaram de RLM83 (embora sem uma referência expressa na documentação existente) e classificaram as cores da seguinte maneira:

1. O tom castanho-azeitona / castanho avermelhado corresponderia à cor RLM81 e o seu nome seria Braun violett, seguindo as fontes da Messerschmitt.

2. O tom verde escuro seria o relativo à cor RLM82 e seu nome seria Dunkelgrün, seguindo as fontes da Dornier.

3. O tom verde-claro seria o relativo à cor RLM83 e o seu nome seria Hellgrün, seguindo as fontes da Blohm und Voss e Messerschmitt.

No entanto atualmente e sobretudo pela análise de camadas de tintas existentes em aviões capturados no final da guerra e levados para países com a América e a Austrália a maioria dos pesquisadores opta pela seguinte classificação:

• RLM81 Braun Violett (castanho azeitona / castanho avermelhado)

• RLM82 Hellgrün (verde claro)

• RLM83 Dunkelgrün (verde escuro)

Existem historiadores que defendem outra teoria, ou seja, a de que a cor RLM83 nunca existiu formalmente, mas apenas a RLM81 e RLM82, sendo o tom verde escuro uma variante da cor RLM81, que se encaixaria na denominação dada pela Dornier. No entanto, há imagens de aviões que aparentemente são pintados em verde claro e verde escuro, o que complica essa teoria.

Outra cor controversa e que gera confusão é a RLM84, ou melhor, a falsa cor RLM84, referida muitas vezes com sendo para utilizar na pintura das superfícies inferiores dos aviões durante o período de 1944 e 1945.

Tanto a partir de fotos, como de aviões capturados no final da guerra ou restos recolhidos em zonas em que aviões se despenharam, mostram uma grande variedade de tons utilizados nas superfícies inferiores. Essas variações vão das cores muito claras quase brancas a cores mais azuladas, esverdeadas ou mesmo canela.

Assim, geralmente estas cores são designadas de RLM84, mas na realidade as fontes histórias sobretudo as documentais que chegaram até nós atestam que essa cor de facto nunca existiu. As cores da série “80” eram para ser usadas com a cor RLM76 para as superfícies inferiores dos aviões. Então coloca-se uma questão. De onde vem a denominação RLM84?

Os defensores desta denominação afirmam que, em regra, a Luftwaffe sempre que introduzia uma nova combinação de cores, criava uma cor específica para as partes inferiores. Assim, a combinação de cinza foi RLM74, RLM75 e RLM76, a combinação tropical foi RLM79, RLM80 e RLM78, e, de acordo com essa regra de três, deve haver uma cor específica para as duas novas cores da série “80”, a RLM81 e RLM82, a que eles chamaram, portanto, de RLM84 e que se identifica com as novas cores que aparecem nesse período.

Porém, atualmente, a maioria dos especialistas afirma que, desde que não haja documentação que suporte esse nome e haja provas documentais do uso da cor 76 combinadas com as novas cores, esses tons nada mais são do que variações da cor original muito provavelmente provocadas pela utilização de tintas de cada vez pior qualidade.

Como acabámos de ver, o modelista que busca a perfeição e pretende recriar um determinado avião o mais aproximado possível com a realidade, é colocado perante um dilema. Qual é de facto a cor da cor padrão/oficial de determinado avião que se propõe reproduzir?

Não temos na realidade uma resposta ideal para essa pergunta. Simplesmente podemos sugerir que acredite no trabalho dos especialistas de boas marcas produtoras de tinta para modelismo, como por exemplo a Gunze, a Testors, a JPS-Color, a Life-color, entre outras, pois dispõem atualmente nos seus catálogos cores RLM. Não há de facto certezas de serem as mais próximas das originais, mas acreditamos sinceramente que o estarão por certo mais perto do que tintas mais comerciais como por exemplo as da Revell ou da Humbrol.

 

 


INFORMAÇÃO ADICIONAL - Fontes


 Sites e Blogs
Luftwaffe39-45 The Luftwaffe in scale Cybermodeler Online Luftwaffe RLM colors
 Link      
 Bibliografia
     
Airfix Model World - Issue 02 T.M.M.I - Issue 115 - 05/2005    

  


 Última atualização da página: 05/09/2018