Junkers Ju 52 / Amiot AAC.1 (Toucan) / CASA 352

O Junkers Ju 52 foi um versátil avião de transporte (civil e militar) e bombardeiro alemão projetado por Ernst Zindel e fabricado, entre 1932 e 1945, pela empresa Junkers. Teve um papel muito importante durante toda a 2ª Guerra Mundial já que constituiu a espinha dorsal da frota de aviões de transporte da Luftwaffe.

Desenvolvido a partir do Junkers W33, O Ju 52 começou por ser um avião de transporte civil monomotor a que foi dada a designação de Ju 52/1m e o protótipo realizou o primeiro voo a 13 de outubro de 1930. O aparelho foi certificado em 1931, pelo Ministério dos Transportes da República de Weimar mas devido à falta de interesse por parte dos compradores, principalmente da Deutsche Lufthasa, o projeto foi rapidamente redesenhado para acomodar mais dois motores, a fim de aumentar o seu desempenho, e a designação foi alterada para Ju 52/3m (O 3m significa "drei motoren" ou três motores).

Algumas fontes indicam ter sido da empresa Lloyd Aéreo Boliviano (LAB) o pedido pela adição de mais dois motores, enquanto outras afirmam ter sido uma requisição da Deutsche Lufthasa. A verdade é que o novo protótipo, equipado com três motores, realizou o primeiro voo a 7 de março de 1932.

Na realidade ambos os aparelhos eram muito idênticos e tinham praticamente a mesma capacidade de carga. A cabina dos passageiros comportava 17 pessoas em assentos rebatíveis, dispondo de aquecimento e ventilação. Estavam também disponíveis espaços para arrumos de bagagem e carga, bem como lavabos e casas de banho. O cockpit possuía um comando duplo, equipamento de rádio moderno e a tripulação era constituída por dois ou três elementos dependendo da tipologia de missão.

Genericamente o Ju 52 era um avião monoplano com um desenho bastante angular, possuía asa cantiléver baixa e a construção era inteiramente metálica com a fuselagem em placas onduladas. Algumas versões iniciais possuíam lemes duplos, mas o desenho final só comtemplava um leme simples. A motorização original era assegurada por 3 motores radiais BMW, porém, alguns modelos destinados à exportação também utilizavam motores Pratt & Whitney Wasp ou Bristol Pegasus já que a motorização era adaptada às preferências dos diferentes compradores ou posteriormente, aos diferentes teatros de operações.

O Ju-52 era um avião resistente, fácil operar, bastante fiável, de manutenção simples e apresentava um custo de produção relativamente baixo. Rapidamente ganhou muito reconhecimento por parte dos pilotos e também um manancial de alcunhas tais como Tante Ju (Tia Ju), Auntie Ju ou Vara de ferro. Entre as tropas aliadas era apelidado de Iron Annie.

A par da versão civil, já antes da 2ª Guerra Mundial tinham sido produzidas e utilizadas versões militares de transporte do Ju 52 e entre 1933 e 1935, atuou mesmo como "bombardeiro substituto" até que a Luftwaffe recebeu os modernos Heinkel He-111 e os Dornier Do-17.

O Ju 52 entrou pela primeira vez em ação na Guerra Civil Espanhola, onde foi amplamente testado operacionalmente, entre 1936 e 1939, pela Legião Condor, inicialmente como transporte de tropas, transferindo nacionalistas marroquinos para Espanha e posteriormente e principalmente como avião bombardeiro e de combate para missões noturnas, tendo para o efeito sido equipados com metralhadoras e dispositivos que permitiam o lançamento de 1 500 Kg de bombas (Versão Ju 52/3 g53). Em 1939, quando a guerra civil terminou, os junkers Ju 52 tinham lançado mais de 6 000 toneladas de bombas.

No entanto, foi com o início da 2ª Guerra Mundial que o Ju 52 mostrou toda a sua versatilidade, todo o seu potencial e que se imortalizou já que teve um papel destacadíssimo em algumas das principais ações militares desse conflito das quais se pode destacar, em 1940, o reboque dos planadores que atacaram o Forte Eben-Emael, o transporte dos paraquedistas alemães em invadiram Creta em 1941 ou a ponte aérea em Stalingrado. Para além disso foram extensivamente usados no norte da África e na Frente Oriental.

O Ju 52 foi um dos modelos mais bem-sucedidos na história da aviação europeia e na realidade este icónico avião nunca teve um substituto capaz. Até ao final da 2ª Guerra Mundial foram produzidas mais de 4 000 unidades, porém a produção nunca compensou efetivamente as perdas sofridas.

Após o fim do conflito mais 170 aparelhos foram produzidos pela CASA para o exército do ar espanhol e outros 400 aparelhos foram produzidos na França como AAC1 (Toucan) para o Armée de l’Air.