Apesar de os kits de modelismo atuais serem cada vez melhores e mais realísticos, quem se inicia no mundo do modelismo estático e pretende construir modelos que possam ser consideradas verdadeiras reproduções à escala, depressa se apercebe que os modelos comercializados frequentemente apresentam lacunas. Ao consultarmos as instruções fornecidas constatamos que quase sempre essas são omissas relativamente sobretudo aos pequenos pormenores, sejam elas a nível dos equipamentos, das cores ou símbolos e emblemas identificativos.
Quem nunca ficou com duvidas relativamente aos tipos de cintos que equipam os assentos dos aviões? Qual a cor do interior de uma carlinga ou qual a cor do porão das bombas de um determinado bombardeiro? O tubo Pivot, onde deve ser colocado? Qual a cor de um tubo de escape de um tanque? A mesma do tanque, metálica ou ferrugenta? A torreta de um determinado tanque, é lisa ou rugosa? Os pneus, são pretos ou cinzentos?...
As dúvidas e perguntas deste género são muito mais frequentes do que se pode pensar à partida, assim é fundamental antes de iniciarmos a construção de um determinado modelo que nos apetrechemos com boa documentação sobretudo fotográfica. Esta necessidade é tanto maior quando nos propomos a fazer um modelo parcial ou totalmente diferente do proposto pelo fabricante do modelo que temos em mãos.
Mas não se pense que a necessidade de informação prende-se unicamente com o modelo que nos propomos reproduzir. É igualmente importante, sobretudo para quem gosta de contextualizar o seu modelo, haver a preocupação com a obtenção de informação histórica da época. Qual o meio ambiente em que operou, que tipos de edifícios existiam, que veículos forneciam apoio, que fardas ou vestuário eram usadas pelos intervenientes, que vegetação,…
Assim, qualquer modelista antes de iniciar o seu modelo tem que realizar um trabalho prévio de pesquisa, também ele a maior parte das vezes interessante e enriquecedor.
É frequente que com o tempo, a investigação, a experiência, mas sobretudo a dedicação a uma determinada época histórica, converta o modelista num verdadeiro especialista desse período da história, porque o estudo de um determinado modelo, vai muito para além do modelo em si.
Mas então onde podemos obter informação fidedigna?
Basicamente existem duas formas, a direta e a indireta.
A forma direta é visitando museus, exposições, festivais aéreos, paradas militares ou conversando com intervenientes… São ótimas fontes de informação no que diz respeito aos modelos propriamente ditos, mas geralmente pobres no que diz respeito à sua contextualização histórica e operacional.
As formas indiretas são:
Livros e revistas:
Relativamente a estas fontes há que fazer duas separações, os livros e revistas dedicados ao modelismo e os livros e revistas não dedicados ao modelismo, mas que são excelentes fontes de informação tanto mais que existem publicações exclusivamente dedicadas a determinados modelos ricamente ilustrados com fotografias, desenhos técnicos e ilustrações ricas em detalhes e pormenores. Para além disso geralmente vêm acompanhadas de textos explicativos do seu desenvolvimento, características técnicas e historial operacional.
Estas fontes de informação são valiosíssimas, porque se é possível obter boas imagens de aparelhos recentes, o mesmo já não se pode dizer por exemplo relativamente a aviões ou tanques da I guerra mundial em que as fotografias são a preto e branco e frequentemente de muito má qualidade. No entanto através do trabalho de excelentes ilustradores e historiadores é-nos oferecido um trabalho que em muito nos irá facilitar a vida.
Estas revistas e livros para além de fotografias relativas aos aparelhos propriamente ditos, também costumam vir acompanhadas de fotografias dos aparelhos em contexto operacional, por isso temos o melhor dos dois mundos.
Quando às revistas e livros dedicados ao modelismo estático estão felizmente em franca expansão. Hoje em dia é possível encontrar muitas revistas dedicadas a este hobby. Quase todas têm artigos onde os kits são montados passo a passo desde a construção, até à pintura e efeitos finais. Também costumam ter partes dedicadas ao ensinamento de técnicas, partes dedicadas à divulgação e análise crítica de novos modelos e partes dedicadas à publicidade de lojas e fabricantes. Uma boa alternativa para quem não tenha muito tempo para fazer pesquisa poderá ser a de se orientar pelos artigos em que os modelos são construídos passo a passo, pois costumam ser de boa qualidade e rigor.
Quanto aos livros tanto podem ser manuais de modelismo como serem dedicados a uma técnica específica (aerógrafo, por exemplo), ou a um tema (dioramas, por exemplo), ou um modelo em concreto. As ofertas são tantas e tão boas, que o difícil mesmo é escolher alguns essenciais para se comprar.
Os vídeos:
A utilização dos vídeos é cada vez mais utilizada como fonte de informação. Esta pode ir, como vimos anteriormente, do assistir a um filme ou série e obtermos por exemplo uma boa informação sobre as tonalidades dos uniformes ou os equipamentos utilizados, até ao assistir, por exemplo no youtube a um modelista a montar ou a pintar o seu kit.
Mas vídeo como boa fonte de informação, sobretudo no que diz respeito à aplicação de técnicas de pintura recomento mesmo é comprar o “AFV Acrylic techniques DVD” produzido pela Vallejo e em que aprendemos a pintar e detalhar com o extraordinário Mig Jimenez.
A internet:
A internet como fonte de informação foi deixada propositadamente para o fim. Inquestionavelmente é a mais rica, diversificada e livre fonte de informação que se pode ter, mas isso não é forçosamente bom. Pode até parecer contraditório mas a internet pode mesmo tornar-se a nossa maior dor de cabeça. Ela é de facto a maior fonte de desinformação que pode haver…
Se fizermos a pesquisa de um determinado modelo (por exemplo, um Messerschmitt Bf-109 E-3), aparecem-nos tantos resultados, tantas versões, tantos esquemas de camuflagem, tantos países e cenários em que operou, tantas diferenças de aparelho para aparelho, que o mais certo é sentirmo-nos perdidos com tanta informação. Ou seja a internet é uma boa fonte de informação, mas por vezes é preferível termos pouca, do que muita informação.
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