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Fabrico de soldadinhos de chumbo |
Com a revolução industrial começaram a ser fabricados em série os primeiros brinquedos. Estava então muito na moda entre as classes altas da sociedade, as bonecas e casinhas de bonecas para as raparigas e os soldadinhos de chumbo e os comboios (que entretanto tinham começado a ser utilizados) para os rapazes.
Deve-se sobretudo aos alemães a produção maciça de soldadinhos de chumbo. Os moldes em que eram feitos eram fáceis de confecionar e o metal fácil de fundir. Depois era só desenformar e pintar.
Com o tempo alguns vendedores começaram a aperceber-se que muitos compradores adquiriam facilmente soldadinhos de chumbo de diferentes fabricantes, desde que tivessem tamanhos harmoniosos entre eles. Assim, para fomentarem as vendas, começaram a exigir tamanhos padronizados aos fabricantes.
Colocava-se então uma questão importante: Que tamanho deveriam ter os bonecos?
Uma medida facilmente percebida e processada pelo cérebro humano é o tamanho de um homem. Ou seja, se colocarmos um soldadinho de chumbo ao lado de uma carroça puxada por cavalos ou o mesmo soldadinho ao lado de um pequeno barco, facilmente temos uma ideia das proporções tidas por reais dos objetos, desde que as escalas dos diferentes modelos sejam harmoniosas entre si. Logo o tamanho do ser humano era uma excelente referência.
Sabemos que as medidas inicialmente utilizadas para o cálculo de escalas eram as do sistema de medida inglês, nomeadamente o pé e a polegada. Multiplicando um pé (1 pé = 30,48 cm) por seis, dá que 6 pés (ou 182,88 cm) são uma medida muito próxima do tamanho médio de um homem.
Dividindo esse valor por uma polegada (2,54 cm) dá 72. Nascia assim a primeira escala estandardizada. A evolução desta escala, tida por alguns como muito pequena, deu origem em pouco tempo a outras escalas, em que os mesmos princípios foram seguidos.
6’ (182,88cm) a dividir por 1’’ (2,54cm) = 72 -> Escala 1:72 -> 1 homem = 2,54cm
Assim, aplicando múltiplos temos escalas cada vez mais pequenas, mas em contrapartida kits (desde que do mesmo modelo a reproduzir) cada vez maiores e mais detalhados.
6’ (182,88cm) a dividir por 1’’ (2,54cm) = 72 -> Escala 1:72 -> 1 homem = 2,54cm
6’ (182,88cm) a dividir por 1.5’’ (3,81cm) = 48 -> Escala 1:48 -> 1 homem = 3,81cm
6’ (182,88cm) a dividir por 2.25’’ (5,71cm) = 32 -> Escala 1:32 -> 1 homem = 5,71cm
6’ (182,88cm) a dividir por 3’’ (7,62cm) = 24 -> Escala 1:24 -> 1 homem = 7,6 cm
6’ (182,88cm) a dividir por 4’’ (10,16cm) = 18 -> Escala 1:18 -> 1 homem =10,16 cm
Aplicando submúltiplos temos, pelo contrário, escalas cada vez maiores, mas em contrapartida kits (desde que do mesmo modelo a reproduzir) cada vez menores e menos detalhados.
6’ (182,88cm) a dividir por 0.5’’ (1,27cm) = 144 -> Escala 1:144 -> 1 homem = 1,27cm
Mas para reproduzir objetos extraordinariamente grandes em que a referência “homem” não faz sentido, foram criadas as escalas 1:200, 1:350, 1:400, 1:700, 1:750, 1:1000, 1:2000, entre muitas outras.
Com o aparecimento no mercado de modelos produzidos por firmas (sobretudo francesas) que utilizam o sistema métrico decimal (SMD), surgem novas escalas, algumas delas muito idênticas a algumas já existentes. São exemplo as escalas 1:76, 1:35 e 1:25. Estas escalas são tão próximas, respetivamente das 1:72; 1:32 e 1:24, que se num diorama forem utilizados kits das diferentes escalas, o resultado não será muito agressivo ao olhar.
Há quem defenda que estas novas escalas se devem sobretudo ao facto de a França e outros países europeus não quererem adotar as medidas anglo-saxónicas entretanto padronizadas; outros defendem que a utilização das medidas em pés e polegadas não são de fácil compreensão para quem utiliza diariamente o sistema métrico. Há ainda outros que defendem que é uma questão de arredondamento, em que 1’= 30cm e 1’’= 2,50cm.
Mas esta ultima justificação não convence muito, sobretudo porque, em rigor, não se obtêm esses valores de escala por arredondamento, nem justificam o constante aparecimento de novas escalas atípicas sobretudo produzidas por estes países, nomeadamente 1:50, 1:60, 1:130, 1:150 entre outras.
Relativamente ao ferromodelismo a escala é encontrada tendo por referência a bitola (distancia entre os trilhos) e é apresentada num sistema alfabético ou alfanumérico (N, HOn3, HO, S,…). Mas como não percebo muito do assunto não me vou alargar antes que dê asneira. Já relativamente ao automodelismo (tanto com motor de combustão como com motor elétrico) as escalas mais usadas são as 1:8 e 1:10. Quanto ao autorama (pistas de carros) as escalas mais usuais são a 1:32 para lazer e a 1:24 para competição.
No nautimodelismo e aeromodelismo a escala não é rígida e está geralmente associada a questões relacionas com a flutuabilidade e a aviónica ou à necessidade de espaço para instalação e montagem dos componentes mecânicos necessários.
A escolha da escala é muito importante e algumas variáveis devem ser tidas em conta:
Espaço: Se é como eu e não se consegue “desfazer” de um trabalho realizado por si, com o tempo o espaço para arrumo dos trabalhos finalizados começa a ser um problema, por isso esta é uma variável muito importante.
Oferta: Se quer iniciar uma coleção numa determinada escala, por exemplo caças da II guerra mundial, veículos militares da guerra do Golfo, ou qualquer outra, deve ter em consideração a oferta de kits existentes no mercado, pois se optar por uma escala com poucos produtos corre o risco de limitar a sua coleção.
Opções: Esta é igualmente uma variável muito importante, pois um projeto em modelismo é mais do que montar um kit. É necessário ter em conta os upgrades disponíveis no mercado que nos permitirão enriquecer o kit em que estamos a trabalhar. Mas também poderemos querer enriquecer o cenário/diorama em que o vamos colocar com outros elementos à mesma escala (Figuras, edifícios, plantas, …), por isso para além da escolha das escalas do kit, também temos que verificar se existem opções de enriquecimento para o nosso projeto na escala em que estamos a trabalhar.
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Comparação de tamanhos |
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Comparação entre escalas iguais |
A - Figura de um elemento da tripulação de tanque alemão à escala 1:35. Multiplicando 5.100 cm por 35 obtemos 178.5 cm, ou seja 1.78 metros, o que corresponde a uma altura “normal” para um homem.
B – Figura de um mecânico americano da USAF à escala 1:72. Multiplicando 2.250 cm por 72 obtemos 162 cm, ou seja 1.62 metros, o que corresponde a um homem relativamente pequeno, mas dentro dos limites normais.
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A Figura “A” mede 2.250 cm e a figura “B”2.550 cm, ambas à escala 1: 72. Se multiplicarmos estes valores por 72, obteremos respetivamente 162 cm e 183.6 cm, ou seja 1,62 metros e 1.83 metros. Valores bastante diferentes mas perfeitamente dentro dos padrões.
O importante mesmo é nunca usar figuras com dimensões absurdas relativamente à escala que estamos a usar. Por isso convém fazer alguns cálculos rápidos como os aqui apresentados, pois por vezes há fabricantes que lançam produtos com as dimensões erradas. Este principio é valido tanto para figuras como para os próprios kits.
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Em modelismo quando genericamente se fala de escala, fala-se de escala linear e esta consiste na relação entre o tamanho de uma reprodução de um determinado objeto e o tamanho tido por real desse mesmo objeto.
A escala linear é unidimensional, pois relaciona-se apenas com uma determinada dimensão (comprimento, altura ou largura) e, quando se diz que um objeto está na escala 1:5, o que que estamos a dizer é que todas as dimensões lineares do objeto tido por real foram divididas por 5.
Podemos indicar essa relação por 1:5, 1-5 ou 1/5 (um quinto), ou seja, o objeto reproduzido é 5 vezes menor do que o tido por real.
Daí que facilmente se percebe que quanto maior a escala (linear) da reprodução, menor será esta relativamente ao objeto tido por real.
Assim, vamos imaginar que temos um kit de um avião Messerschmitt 262 na escala 1:72 em que a embalagem indica que o mesmo tem um comprimento de 12,49 cm. Como proceder para sabermos o tamanho real desse aparelho? Fácil, sabemos que o kit mede 12,49 cm e sabemos também que cada centímetro do kit corresponde a 72 cm na realidade (1:72), assim bastará multiplicar 12,49 por 72 e ficamos a saber que o Messerschmitt 262 na realidade media 899,28 cm, ou seja 8,9928 metros.
Vamos agora imaginar o contrário. Estamos a ver uma revista e vemos um avião gigantesco mas que gostaríamos de ter na nossa coleção, por exemplo o Lockheed C-5 Galaxy, que é um dos maiores aviões do mundo com um comprimento de 75,53 metros, ou seja, 7553 centímetros. Pegando no exemplo anterior temos mais facilmente uma ideia da monstruosidade deste aparelho, mas uma coisa é ter uma ideia e outra é ter a certeza absoluta das dimensões que um aparelho destes teria à escala 1:72. Para isso basta dividir o tamanho real pela escala linear pretendida, ou seja, 7553/72 = 104,90 cm. Um monstro na realidade e um monstro na miniatura. Para a maioria dos modelistas é demasiado grande, teríamos que procurar uma outra escala linear, talvez 1:144, em que o kit tem um comprimento de 52,45; grande na mesma, mas passível de estar numa coleção caseira de kits. Agora era só ir para a internet ou uma loja e tentar adquirir o kit na escala pretendida. Na escala 1:144 pelo menos existe na marca “anigrand”.
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Relação entre escalas |
Observando a figura facilmente se compreende que se colocarmos no primeiro caso, 5 objetos seguidos obteremos o tamanho tido por real (escala 1:5) e, no segundo caso se colocarmos 10 objetos seguidos obteremos o tamanho tido por real (escala 1:10). Também se percebe que quanto maior a escala, menor será o tamanho do objeto reproduzido. |
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