A Caixa |
O Kit de modelismo chega até nós geralmente em caixas de papel. Essas embalagens dão-nos logo à partida uma série de informações sobre o que se encontra no seu interior.
Habitualmente a imagem principal é uma fotografia ou uma "pintura" do modelo que se encontra no seu interior. A grande vantagem da fotografia é que nos dá logo à partida uma imagem real de um possível resultado final do modelo construído, em contrapartida as "pinturas" geralmente contextualizam o modelo num determinado cenário em que ele operou e que em certos casos nos poderá dar excelentes ideias para um diorama.
A caixa geralmente indica-nos igualmente o nome e versão do modelo, a escala, o fabricante, as referências das tintas a utilizar, o número de versões possíveis de construir, o grau de dificuldade, a referência do kit bem como a existência ou não de extras.
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Os sprues, esqueletos ou árvores |
Ao abrirmos uma caixa de um kit de modelismo verificamos que a maior parte do seu interior é ocupada por peças de plástico. A essas peças chamamos sprues, esqueletos, árvores ou ramas. Para facilitar a compreensão vamos daqui para a frente designar sempre estas partes do kit por sprues.
Os sprues geralmente vêm dentro de saquetas de plástico uma vez que por vezes durante o acondicionamento e transporte algumas pequenas peças se soltam da estrutura principal e assim não se perdem tão facilmente.
Os Sprues, têm uma numeração perto de cada uma das diferentes peças (ou na face não visível após a montagem) para facilitar o encontrar das diferentes peças no processo de montagem seguindo as instruções de montagem.
Quando para a construção de um determinado modelo é necessário mais do que um sprue, os fabricantes identificam cada um deles com uma letra ou um símbolo específico.
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As transparências |
As transparências são peças plásticas transparentes que têm por finalidade reproduzir os vidros e espelhos. O material plástico de que geralmente são feitas estas peças é muito quebradiço, daí ser necessária muita cautela no seu manuseamento.
Outra grande condicionante que é frequente nestas pecas é o seu diâmetro/grossura. Por exemplo: Se quisermos reproduzir o vidro semiaberto da porta de um carro facilmente constatamos que ele fica muito grosso. Nestes casos é preferível substituir a peça plástica original por uma feita por nós em folha de acetato ou num qualquer outro material plástico transparente que mais realisticamente se aproxime daquilo que desejamos.
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As resinas e as borrachas |
As resinas e as peças em borracha, se bem que não sejam de utilização recente só nos últimos anos é que tiveram um grande incremento na sua utilização. Isto deveu-se sobretudo ao grande aumento da qualidade destas pequenas peças que tanto realismo dão ao produto final. As borrachas são maioritariamente utilizadas na elaboração de pneus, enquanto que as resinas têm uma aplicação mais vasta, que vão desde as pequenas peças para a elaboração mais complexa e realista por exemplo de cockpits, motores, utensílios e ferramentas várias até às figuras e kits completos nesse material.
Os kits de modelismo em resina geralmente ou são de modelos reais mais raros ou pouco conhecidos, ou são de versões às quais os grandes fabricantes não dedicam grande atenção porque o fabrico de moldes para kits de plástico injetado é bastante dispendiosa e morosa e assim apostam maioritariamente em modelos mais interessantes e rentáveis de um ponto de vista comercial.
Em contrapartida os moldes e maquinaria para o fabrico de kits em resina é relativamente barato e por isso esta é a matéria prima principal de pequenos fabricantes. Note-se que este material não é propriamente barato e um kit completo fica muito caro, daí que as resinas sejam maioritariamente utilizadas em detalhamentos específicos ou em transformações de modelos de kits de plástico já existentes. A este tipo de utilização é frequente chamar-se “upgrade”.
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“Photo etched” ou Fotogravuras |
As fotogravuras, a par da utilização das resinas, foram uma das grandes introduções que ocorreram no mundo do modelismo estático. Estas pequenas peças metálicas permitem um nível de detalhamento impossível de alcaçar com os plásticos.
Os pormenores nestas peças são obtidos através do “recorte” por processos químicos. Este é um processo muito delicado, mas permite a obtenção de peças extraordinariamente precisas e realísticas.
A sua utilização é bastante simples. O mais complicado mesmo é só a fase da separação das diferentes peças da estrutura principal em que se recomenta o corte com uma boa lâmina, em cima de uma superfície rígida, por exemplo um azulejo ou uma tábua de aglomerado.
Após a separação das diferentes peças, estas podem ser trabalhadas, quer sendo dobradas para adquirirem determinadas formas, quer sendo, em caso de necessidade, limadas para se retirarem eventuais excessos ou realizar ajustes.
Mas as fotogravuras têm uma grande limitação, são fundamentalmente bidimensionais, isto é, com elas só se conseguem reproduzir peças planas.
Claro que podemos sempre dar-lhe alguma forma, mas maioritariamente só se conseguem resultados finais geométricos, pouco dinâmicos e com uma ausência quase que completa da dimensão volume.
Atualmente existem fotogravuras para uma grande diversidade de kits de modelismo, no entanto existem determinadas fotogravuras indicadas especificamente para este ou aquele modelo de determinado fabricante, por isso temos que ter isso em atenção aquando da compra das mesmas.
Para terminar falta referir que estas peças têm que ser coladas com cola cianoacrílica. Assim é necessário ter em conta que por um lado a secagem rápida destas colas não permite andar a fazer acertos de ultima hora, e por outro que é altamente recomendável a utilização de pinças, para que estas colas não entrem em contacto com a pele.
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As instruções |
Os kits de modelismo contêm no seu interior uma ou mais folhas, com as instruções necessárias para a construção do modelo. Estas geralmente apresentam-se na forma de folhas desdobráveis ou em forma de livro.
Dependendo do fabricante estas podem divergir um pouco, mas geralmente estas folhas, para além de serem quase sempre em tons de cinza, têm os seguintes elementos.
A página principal para além de referir o fabricante, referência, escala e modelo a construir, costuma apresentar igualmente uma imagem deste e um pequeno texto com as características técnicas e resumo histórico do modelo. Este texto habitualmente está em mais do que uma língua (e muito raramente em Português).
Depois costumam vir as observações gerais relativas aos cuidados a ter no manuseamento das peças, bem como referência à importância das legendas dos símbolos utilizadas para cada uma das operações (colar, não colar, facultativo, número de vezes a repetir a operação, transparências, pintura…)
Seguidamente são indicadas as cores e marcas de tinta a utilizar, assim como as proporções de cada uma delas para o caso de termos que proceder ao “fabrico” de alguma cor.
Também é frequente haver imagens com todos os sprues onde estão representadas esquematicamente todas as peças com os respetivos números para mais facilmente os localizarmos nos sprues originais.
Depois vêm as instruções de montagem do kit. É muito frequente uma mesma caixa de kits de modelismo permitir a realização de mais do que uma versão do modelo. Assim poderão existir peças que não interessam para o modelo que nos propomos construir por isso é recomendável remover as peças de que não vamos necessitar e guardá-las no nosso “banco de sobras”, antes de começarmos a montar o nosso kit.
A sequência de montagem deve ser escrupulosamente seguida, sob pena de não conseguirmos à posteriori encaixar uma ou outra peça, por isso nada de começar a montar o modelo, sem primeiramente estudar as instruções com muita atenção.
Durante as diferentes etapas da montagem do modelo também vão sendo dadas indicações sobre a pintura a dar a determinas peças, que mais tarde, pela sua inacessibilidade, se tornariam muito difíceis de pintar.
As instruções geralmente terminam com um ou mais esquemas de pintura utilizados por aquele modelo em específico, assim como a localização correta dos diversos símbolos, emblemas, insígnias e afins, reproduzidos através da utilização dos decalques fornecidos no kit de modelismo.
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Os decalques ou decalcomanias |
O Kit de modelismo geralmente contém no seu interior uma "folha impressa" com vários símbolos, matriculas, códigos, insígnias, desenhos, avisos e tantas outras opções. São os decalques ou decalcomanias. São com eles que vamos enriquecer e aproximar ainda mais o nosso modelo de modelo original.
Os decalques fornecidos com o kit de modelismo, geralmente permitem que detalhemos o nosso modelo pelo menos em duas contextualizações diferentes. Estas podem ir desde os diferentes cenários onde ele atuou, aos diferentes países que utilizaram aquela versão, ou à unidade e período histórico em que ele operou. A utilização das decalcomanias permite mesmo identificar um exemplar específico através da reprodução das suas marcas únicas e características próprias.
Tanto quanto possível a aplicação dos decalques deve ser acompanhada de fotografias do modelo original, pois por vezes poderá haver alguma discrepância a nível da cor, tamanho e forma, ou mesmo lacunas, entre as decalcomanias fornecidas e as representações ou imagens existentes do modelo original.
Hoje em dia as firmas fabricantes de kits de modelismo apostam também forte no fornecimento de decalques de boa qualidade, mas se se pretender reproduzir o mais fielmente possível um exemplar específico, é aconselhável ponderar a utilização de decalques especiais para esse fim. Para isso poderá recorrer a decalcomanias produzidas por firmas que se dedicam à reprodução e comercialização de decalcomanias, e assim, as possibilidades de uma maior e mais rigorosa aproximação ao modelo original aumentam consideravelmente.
As representações existentes num determinado modelo para além de se conseguirem através da utilização de decalques, também podem ser obtidas através de decalcáveis, ou pintadas diretamente no modelo.
Os decalcáveis são raros e de aplicação muito cuidadosa, pois para além de só poderem ser aplicados uma vez, onde forem aplicados é onde ficam, pois não são possíveis retoques de ultima hora. A grande vantagem relativamente aos decalques é que a inestética margem brilhante que excede o decalque tradicional não existe.
A pintura direta sobre o modelo, só é viável para modelistas mais experientes e maioritariamente para modelos grandes e figuras geométricas. Mas este assunto será visto mais lá para a frente…
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Os extras |
Num kit de modelismo para além de poder haver tudo o que vimos até aqui, também é frequente muitos fabricantes colocarem no seu interior “catálogos” de outros modelos/produtos fabricados por eles. Estes “catálogos” podem ser meramente informativos ou permitirem efetivamente fazer a sua aquisição quer através do correio tradicional, quer através da internet.
Mais raro, mas não de todo impossível de acontecer é o existir um impresso para se proceder ao pedido de peças estragadas, ou perdidas diretamente ao fabricante.
E por fim falta referir os kits de modelismo que vêm acompanhados com o indispensável para a sua montagem e pintura, desde as colas, às tintas e pinceis, até à inclusão mesmo de cortantes.
Até há bem pouco tempo, os kits de modelismo que vinham acompanhados destes “extras” quase que eram sinónimo de pouca qualidade ou bastante básicos, necessitando de algo mais para terem alguma saída no mercado, mas atualmente os fabricantes apostam um pouco mais neste tipo de oferta e têm saído modelos muito interessantes.
No entanto continuam maioritariamente a ser kits para um público mais iniciante neste hobby e não tão exigente em termos de materiais de corte e pintura, até porque se as firmas fossem apostar muito nos extras, a verdade é que o preço final do produto repercutiria isso mesmo…
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